terça-feira, 5 de maio de 2009

SEMANA DE BIOLOGIA DA UFBA 2009: UMA INCÓGNITA!




Mas o que significa incógnita? Segundo alguns dicionários da língua portuguesa, a palavra incógnita nos remete a algo desconhecido, algo que se procura saber, ou ainda, algo incerto. Acredito que esta seja a palavra mais adequada, neste momento, para nos referirmos à Semana de Biologia da UFBA, um evento de caráter regional que costuma (ainda não me sinto a vontade em me dirigir ao mesmo no passado, costumava!) acontecer anualmente no Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia.
Por que utilizar logo esta palavra? Utilizo esta palavra, pois estamos atravessando, este ano de 2009, a ameaça deste evento, tão prestigiado pelas comunidades docentes e discentes do Norte-Nordeste e, principalmente, pela própria comunidade da UFBA, não acontecer! Desta forma, apresento a você, atento leitor, algumas reflexões que me foram incumbidas para fazer face a esta ameaça e suas repercussões na comunidade não apenas do IBIO-UFBA, mas à comunidade representada por todos aqueles que participavam, com tanta garra e vontade, desta semana.
De acordo com a proposta que me foi dirigida pelos editores deste jornal, vou me deter aqui às seguintes questões: Que estímulos me levaram a fazer parte da organização do evento; qual o impacto desta ameaça dentro e fora da comunidade do IBIO-UFBA, analisando em especial o fato de o evento estar há vários anos sob a regência dos estudantes; Quais os possíveis motivos para os estudantes estarem desestimulados em assumir a organização em 2009.
A despeito destas questões, considero fundamental para a sua compreensão, atento leitor, recorrer previamente a um breve histórico do evento, caso contrário estaria reduzindo a complexidade desta situação a uma simples opinião particular. Entretanto, ressalto que existem controvérsias no que diz respeito a este enredo, colocando assim os diversos pontos de vista sobre este assunto em conflito; o que torna a minha tarefa ainda mais desafiadora.
O estímulo para fazer parte da comissão organizadora do evento partiu, principalmente, da vontade em realizar no local onde estudei durante, pelo menos, quatro anos um evento de qualidade e que representasse dignamente o nosso IBIO-UFBA diante de outros eventos regionais. Fazer parte da comissão organizadora, em algum momento, se impôs a mim como um retorno em gratidão aos anos de tanta aprendizagem e reflexão que tive no Instituto de Biologia durante a graduação. Este sim deveria ser o sentimento que, a meu ver, deveria contagiar a todos que se empenham em tal tarefa.
O impacto desta ameaça, dentro e fora da comunidade do IBIO, se expressa através das expressões perplexas e atônitas dos estudantes em face a este acontecimento. O fato de o evento estar, ao longo destes quatro anos, sob a responsabilidade direta dos estudantes, atrelado ao fato de que o mesmo já assumiu um caráter regional aumenta ainda mais o impacto de sua omissão. A representação estudantil permitiu ao evento uma difusão nunca experimentada antes, através de sites, blogs, sites de relacionamento pessoal, e-mails, visitas a outras instituições de ensino superior e etc. Desta forma, com o passar do tempo, o evento tornou-se de grande importância no cenário baiano e de outros estados nordestinos, conforme se pode constatar pela crescente participação de estudantes e professores residentes de/em outros estados. De acordo com levantamentos estatísticos do evento, podemos identificar participantes de instituições como: UCSAL, UNIME, FTC, FIOCRUZ, IBAMA, UESC, UESB, UFRB, UNIJORGE, UFPB, UNEB, UEFS e etc; constatando assim a relevância do mesmo no cenário educativo.
Agora, caro leitor, a grande questão: o desestímulo dos estudantes em continuar a organizar este evento. Ao longo destes últimos anos, a SEMBIO tem sido encarada como um evento de caráter mercantilista, associado a esta lógica de mercado na qual vivemos atualmente. Nesse sentido, denuncio este caráter, que muitas vezes é expresso no próprio IBIO-UFBA; um caráter que enxerga o evento simplesmente como um “serviço” a ser prestado por uma comissão organizadora rígida, intolerante, formada por alunos “desocupados” que se “arriscam” em organizar um evento de tal magnitude “sozinhos” em troca de dinheiro que, diga-se nesta oportunidade, é utilizado única e exclusivamente para o custeio do evento.
Enxergar a SEMBIO por tal ótica é abrir mão da sua participação, caro leitor, em construir tal evento, é render-se diante desta ameaça que se estabelece este ano de 2009 em que sequer uma comissão organizadora foi estruturada (visto que o evento costuma acontecer entre agosto e setembro em comemoração ao dia do biólogo), é, em última análise, entendê-la como um “serviço” que, assim como qualquer outro, pode simplesmente deixar de ser prestado à comunidade.
Defendo, nesta oportunidade, o FAZER-SEMBIO através de uma “metodologia de construção coletiva”, em que todos os membros de nossa comunidade sintam-se empenhados em contribuir com o desenvolvimento de tal evento. Destaco ainda, a participação de representantes das mais diversas instâncias da comunidade acadêmica nesta realização, a fim de que todos estes segmentos sejam contemplados durante a elaboração e desenvolvimento da semana. Então, o leitor atento se pergunta: e a comissão organizadora seria então desfeita? Não! Considero imprescindível, como em todo e qualquer evento, a formação de uma comissão organizadora que terá como função sistematizar as diversas idéias oriundas dos diferentes seguimentos acadêmicos com o objetivo de oferecer uma programação de qualidade.
Nesta direção, termino esta minha reflexão com a seguinte frase: “A vida de um indivíduo só faz sentido se ajuda a tornar a vida das demais criaturas mais nobre e mais bela.” (Einstein).

Clívio Pimentel Júnior
Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia

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